MixMinds

quarta-feira, maio 17, 2006

Futuro.

De dentro e por dentro de mim… encontro m. O som do piano que não se cala, nem deve. Toca!! Toca como eu fumo este charuto. Pela insistência deste fogo que me queima por dentro. Choro. E choro porque não tenho vergonha, porque quero chorar, como quero saltar, como quero gritar, como quero sentir, como quero voltar…! Escorrem me pela cara, como eu, fugitivas. Uma mais lenta, sinto a! E apercebo me de mim. Impávido fico, estou. Apaga me este charuto, apaga me esta dor, deixa me ir… Apaga me.

Sinto te a chegar, frio e certeiro. Traçaste há já muito tempo este caminho, linha invisível de alegria. De tristeza. Pegas nessa espada, cinzenta de susto, do imediato, trespassas me…! Imagino ainda sem sentir, o bico da tua espada que me abre as costas, rasga me! A cor vermelha do sangue traz a dor, traz também toda aquela ansiedade mortal, o teu pressuposto.
O meu corpo sente já a carne que vai apodrecendo dentro destas roupas, pele de pele, suja e imunda.
Uma brisa que de leve passa por debaixo de mim, ergue me a alma e marca assim esta circunstancia… A minha ultima circunstancia, naquele tempo, que comigo termina.

Por momentos, minutos, horas… dias! Não sei…permanecia vivo o meu olhar, como clarabóia para o interior seco da minha alma, miradouro das minhas entranhas.Que assim permaneça, o meu olhar, vivo. A Prova da minha existência

basqueiro

Nunca pensei que lavar os pés com a zouga fosse um ofício tão delicado e aventureiro.
Saí da casa de banho a pingar da cabeça aos pés, e só queria lavar mesmo os pés.

o chuveiro saltou-se

quando saí da casa de banho, bati com a porta na parede porque empancou e para além de quase estalar a parede, acho que acordei a vizinhança. O sabão desfez-se em pedaços impossíveis quando o esfregava nas solas, escorregou-me das mãos. E fiquei com os pés novamente sujos, porque fui demasiado preguiçosa para pegar nos chinelos.

No meio disto ainda consegui lavar os dentes.

In memory of my nigger friend's solitude

Pour le picance

picance em itálico, porque o privilégio de aprender uma nova língua (com sotaque, ou não) é que podes inventar novas palavras sem que te chateiem muito por isso, à medida que der jeito

tirando aqueles que, de facto, desejam compreender aquilo que dizes.

Comunicado


C'est fini! Mil peças e muito colanço sempre em boa companhia (elogio deslavado!).
Queremos mais :)

pus o título e depois tirei, porque ele não era perfeito e tinha que ser. para ser título.

E a questão põe-se, ao fim do dia. Depois de remoeres algures dentro do dentro de ti, tudo te ocorre, tudo queres dizer. Mas quando olhas para uma página em branco, pões a questão de forma diferente e já não faz sentido cumprir a promessa que fazes a ti mesma de ir buscar a folha ao caderno aquilo que rabiscaste durante qualquer momento iluminado, e desenvolver aquilo que em momentos tinha sido a promessa de um pensamento.
A questão põe-se e a resposta é demasiado simples. Muito antes do rebuscado.
Simplesmente deixas fluir. Naturalmente, simplesmente, como sempre.
Ou como nem sempre?
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“Caralhas.” Não sai este. Não me consigo decidir ao tom que quero dar-lhe, não tem cor, não tem forma, nem sabor, a sonoridade também lhe falta. Desejas demasiado ao mesmo tempo e nada te vem. Começas a deixar tudo vir em desconexões alucinogénicas absolutamente internas.
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Era uma vez um menino. Eram uma vez muitos, na verdade. Já começas a divagar? Queres contar o quê, afinal? Não sei bem. Mas sei que era uma vez um menino. Era uma vez porque começa sempre bem; um menino porque não pode ser uma menina, porque meninas brincam com bonecos e apesar de lhe cortarem as cabeças por trás das costas das mães, cá não quero bonecos. Eu, é mais do tipo real. Riso. Real, pois está-se a ver. Quem fala?
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Não sei porque é que escrevi isto. É qualquer coisa como espelho das conversas com o outro Mim. Tens que o (a?) conhecer. Ias gostar, qualquer dia apresento-vos. Mas para já não, porque o outro Mim ainda é um pouco... anti-social, diga-se. Ainda não se encaixou muito bem na sua irrealidade e passa a vida a dar-me sermões de moral.
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[ouvindo d.c.d.]
Lusco-fusco. Só podia ser. Tons de dourado, claro. E areia quente e sol vermelho. Camelos cavalitam a distância, não sei porquê os camelos, mas sinto o cabelo colado no pescoço e não sabe mal. Quando vem uma qualquer brisa perdida, arrepia a espinha um pouco. Não sei se é medo, fico mesmo sem saber se se seguem os camelos, se se fica ali esperando. Os camelos sabem para onde vão e tu não, mas eles sabem o caminho.
[música seguinte]
Agora já tem mais tons de verde. Mas verde grafiti em pedra cinzenta e frio. As manhãs em que não ias à escola e por qualquer razão encontras-te na rua à hora em que nunca te encontras naquela rua. Sabe a doente, essa imagem. Sabe a uma luminosidade que não é do dia normal. Mas também é bom saber que o sol tem outros tons? As nuvens e os eclipses. Quem disse que o Sol era o Rei?
[Ainda a mesma música]
Hoje descobri que afinal não desgosto de andar de costas no autocarro e no comboio. É algo mais reflectivo que intuitivo. Mas tenho que ter mais atenção às paragens, que com a cabeça na lua e de costas a coisa não é fácil. Ao menos tive o aviso no dia em que a desejada era a última, mesmo assim só depois de uns bons segundos estranhei a hesitação do dito cujo.
[Música seguinte]
A lança foge das mãos. Cai morto no chão. Arrancam-lhe a pele e usam-na como tambor. Chupam-lhe o sangue e pintam-se com eles. Esturricam a carne e saboreiam-na com ervas mágicas. Dos ossos, les bijoux. Falta-me algo? Os nossos pais ainda chupavam os ossinhos, mas nós deitamos fora tudo que não é carne tenra e aprovada. Devemos andar a perder qualquer coisa? Agora a teoria evolucionista da decadência/decrescência?... Anything else?
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I could surprise you.
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Ajeita um pouco a voz. Isso. Nada de gaguejar. E sobretudo, não mistures personagens com destinatários. Pluriel?

Quer-me parecer que hoje o concreto ficou por baixo da lua e eu estou way beyond.
Quer-me parecer que foi das poucas coisas concretas que disse hoje. Sans jamais oublier quelques exceptions, bien sûr.

quinta-feira, maio 04, 2006

DE PUTA MADRE

Este, pelo que escrevo, será apenas e grandiosamente um tributo, um agradecimento, a toda uma comunidade.
AZAGRA de seu nome. Pertencente ao concelho d Alcahorra, província de El Rioja.


Cheguei no sábado, seriam cerca de 19h, feitas as contas, demorei 10 h para 600 km... contando claro todas as paragens, e a minha grande lacuna de orientação. Eram muitas placas...!
No primeiro impacto, o talvez mas agora refutável, mais importante, foi de cinzento amarelado... Casas pequenas, “carreteras” pequenas, sombra diminuta e sol imenso. Gente grande, aquela… E a altura nunca será importante para mim! A família, que da mesma forma que eu desesperava por encontrar (me) a ou uma saída de Burgos, desesperavam pela minha chegada. Abraços, desmazelados mas quentes, sorrisos e um olhar inocente de um ser d 6 meses apenas, alias, esta é a razão! O motivo deste texto, da minha ida e obrigada vinda, do desespero, da puta descomunal que apanhei, da forma livre e abstracta que me senti durante toda a estadia. Chama se Luís António, o meu afilhado, oficialmente desde Domingo passado.
Passei então á procura de descanso, de algum, do mínimo, que se demonstrou difícil pois quem passa 10h sentado como é k descansa, d pé?! Entrei em casa, era estranha. Grande mas pequena em cada compartimento, pouco funcional mas harmoniosamente cuidada. Num ápice, entre uma mija, a verdadeira mija, sou “requisitado”... “Anda comigo... tenho k ir ali ao café da Charõ (presumo k s escreva assim), não demoramos, descansas já!”. Fui, educado e desesperado pelo meu descanso, que é bom que se diga, merecido!!
Naquele trajecto comecei por me aperceber de algo muito importante, estou em Espanha, Navarra, castelhano... por um lado uma ansiedade por “hablar”, por outro o pânico de quem nem sequer se tinha lembrado do idioma, ou da diferença linguistica. Bem, chegamos ao café. Deparo me que ninguém me olha, que ninguém deu conta que eu ali cheguei, e eu que desde do momento em que em alcahorra, quando esperava pela minha prima, reparei que as pessoas vestiam malhas polares, casacos, ate gorros vi...! E eu estava de calções, manga curta e chinelos.
Este foi o início, do meu fim-de-semana, provinciano. E nada neste texto passara disso, deste início, pois o meio e o fim é meu e só a mim me pertence.
Durante cada segundo k passava, era nada mais, nada menos, segundos eternos. Em outros segundos e ate sem me dar conta, num ápice próprio e natural já eu tinha a fasquia demasiadamente alta, preocupava me ate, porque afinal, só queria estar bem, e tinha sido tão rápido chegar a esse estado... e rápido foi toda a minha estadia, primeiro porque me soube a pouco e depois alem de parecer uma semana, eram rápidos os movimentos, eram rápidos os olhares, eram rápidos e apressados todos os contactos, foi rápido me envolver naquela comunidade.
Confesso vos, que alem, muito alem do meu cepticismo natural, já não esperava encontrar fosse onde fosse, uma comunidade assim, e muito menos em Espanha.
Susy, Charõ, Gustavo, Alex, Lilia, Juan., hierarquicamente assim, foram e são os meus novos amigos. A eles, por todo o cuidado, por toda a atenção, por tudo o que, e isto é importante, ate inconscientemente me fizeram sentir, por tudo o que me deram, k eu não tinha nem julgava existir, ainda. Um muito obrigado, sinceramente sentido!!
União, d raças, d cor, d mentalidade, d idades, o desprezo pela discriminação, são um ponto descritivo crucial de Azagra. Todos te falam, respeitam e cumprimentam mas ninguém quer saber nada mais do k isso, excepto no mesmo tratamento. Dão mas exigem que os respeitem também, que os definas quando passas, mas pelo “hola” ou então pelos “buenos dias”, nada mais! Existe e é visivelmente notório a imensa confiança que anda por aquele ar, entre aquelas casitas e as suas ruelas de labirinto: Portas escancaradas, carros abertos, as crianças brincam onde quiserem, vão e vem, as horas que querem, não há preocupações... São tão felizes as crianças de Azagra! Ninguém sai de um estabelecimento, café, pub, entre outros, sem pagarem e acreditem, eu português, e hoje mais que nunca tenho a noção que a pergunta que fiz foi apenas por isso, a minha nacionalidade... “Susy, aqui e entre esta multidão d pessoas, neste corridinho de entre e sai, bem que nos podemos passar ao caralho sem pagar , não?!” A cara dela desiludiu se, e só se reanimou no segundo seguinte e depois de um leve e atarantado sorriso meu, dizendo me: “nunca aconteceu, e de certeza que é possível acontecer, mas não imagino quem seja... todos nos conhecemos e não vejo porque faze-lo.”
Pois... matou me!! Aquele meu velho e já conhecido, “MATOU ME”!!
A realidade de Azagra concentra se em 3 factores: harmonia e luta pela mesma; confiança, sempre e ate sobre o risco; e as suas tradições. E essas são extremamente importantes e cumpridas por qualquer habitante de Azagra, primeiro porque há “fiesta” e lá as festas, acreditem, serão mesmo festas..!! Depois e porque são muitos poucos, cerca de 4000 habitantes, juntam se! Entendo eu neste sentido, quem é que não quer estar com quem gostamos?!
Sitiados num vale, cm penhas aparando os de ambos os lados, forma de protecção presumo.
Um outro facto é a simpatia patente, a vontade visível de nos querer deixar à-vontade, destruição massiva da timidez. As relações entre vizinhos são fantásticas, realçando apenas uma parede que os divide entre eles. O que é meu é teu, o que é teu é meu.
Muito mais poderia dizer sobre Azagra, mas este sentimento com que fiquei, este de segredo, de resguardo de algo que não é meu, é deles, obriga m agora acabar.
Com a certeza k lá voltarei, apenas vos posso dizer, que uma vez em Azagra, a esperança aumenta, cremos, acredita se portanto!! Acredita se em mais alguma coisa, que afinal é possível se fazer mais, percebi que a humanidade ainda existe e existe apenas para quem nela acredita. Aprendi que a felicidade afinal é possível.

Já agora... O baptizado correu bem.