MixMinds

quarta-feira, junho 29, 2005

Esgano

Domingo, 29 de Maio 2005
Cruel.
Amarga e amarfanhada por indestrutíveis trajectos doentios que se atravessam. O fingimento cobre tudo aquilo que anda a passear pela essência e apetece dançar, saltar, bater com a cabeça numa parede, gargalhar ironias, e saltar por cima do ridicularizado, infinito amor e ser maior do que isso. Porque a alegria também é amarga, é irónica, se for a cobertura de qualquer coisa.
Os acordes ácidos da guitarra, insuportáveis, viciantes e indestrutíveis, arrepiam. A solidão. Quando se fica sozinha, tem-se medo, sabe-se que aí vai tudo soltar-se. Não há nada para distrair. Não há nada para proteger. Aquelas coisas que sabes que são verdadeiras e que ignoras todos os dias caem com um estrondo no mundo. Sabes que devias ter ocupado o tempo de outra forma e sabes que há muito tempo que devias ter tirado este tempo para ti. Tiras conclusões que sabes que já lá estão há muito tempo, e para as quais vais arranjar uma desculpa, como sempre e, como sempre, vais ter razão. Vês os navios a passar e cada vez mais ficas anestesiada. Insensível. Invertida. Despersonalizada. Calada. E disfarças bem. Sorris. Sais. Conversas. Ris.
Parece que estou a aprender. A olhar no espelho antes de sair de casa. Água fria. E a despir a pele ao entrar no quarto. Só no nosso reino solitário é que podemos ser nós.
Cruel
Amargo
Ácido
Dia solarengo.